Arabí Rodrigues
Quando a noite se debruça
no peitoril do poente,
“um cheiro de terra quente”,
sobre a vaidade escaramuça;
enquanto o vento soluça
lampeiro no campo aberto,
a lua, a céu descoberto,
“despacito” se aproxima,
como se fosse uma rima,
chamando outra pra perto.
Junto aos tições fogoneiros,
as cambonas balbuciam
orações que prenunciam,
o descanso dos campeiros,
ronco de mates caseiros,
aprumos de corda e voz,
cantigas chegando a foz,
dos sonhos durante o dia.
Nasce a nova melodia,
pr’um tuara cantar sós.
Da renda do picumã,
sob a quincha balançando
a emoção vai recordando,
desmanchos, promessas vãs.
juras de antigas manhãs,
no solstício do caminho,
quando a ilusão dum carinho,
nos diz tudo sem dizer,
afaga e faz esquecer,
que tempo anda sozinho.
Versos de rimas iguais,
acordes de mil floreios,
“contra-puntos”, bordoneios,
palavras, toques, sinais,
somente um degrau a mais,
e o saber mostra o segredo,
os homens perdem o medo,
o tempo tira o capuz,
a sombra não vê a luz,
por que Deus acorda cedo.
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
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