domingo, 25 de maio de 2008

“Que tombo se não me agacho” -payada

Arabí Rodrigues

homenagem a Celso Pitol Filho


Celsinho, meu caro amigo,

aqui estou novamente,

chapéu tapeado na frente,

e um “buenas” do jeito antigo.

Resolvi, vir ter, contigo,

por querer ser que nem tu:

língua solta de chiru,

a prumo, como “bendito”.

Não nasci em Dom Pedrito,

sou cria de Canguçu.

Para ser claro e bem franco,

fiquei muito satisfeito.

Quem me dera ser aceito,

onde “espalhei os tamancos”,

num baile de negros e brancos,

de gente boa, e malevas.

Guri saindo das trevas

bisneto d’outro poeta,

um “jogue” de cancha reta,

do Cerro das Arumbevas.

Tava eu, entre o chircal,

que cobre os campos pedritense;

como bom Canguçuense,

ouvindo um “toque” bagual

e depois, de “cosa e tal”,

não resisti o chamado;

água de cheiro, pilchado,

coração no céu da alma,

e o desejo batendo palma,

me entrevei no “bailado”.


O gaiteiro, um castelhano,

vaqueno de mil farranchos,

mui conhecido nos ranchos,

das “chagas” e orelhanos.

Neste mundo dos vaqueanos,

o clarim, é a “oito baixo”,

sendo num “tango” despacho,

muitos passos, várias vezes.

Como disse Luiz Menezes:

“que tombo, se não me agacho”.


Agora que tu já sabes:

quem eu sou, de onde venho,

quando pintar meu desenho,

um direito que te cabes,

nem que o mundo desabe,

oferecendo perigo;

não arranca o meu umbigo,

do lugar onde nasci.

E finalmente, pra ti,

um abraço do amigo.

Nh. Casa do Rio, novembro, 05/07

Nenhum comentário: