quarta-feira, 13 de agosto de 2008

De Pprosa e Cantiga –payada

Arabí Rodrigues
homenagem a Walter Morais

Walter Morais, meu irmão:
de querer e de pendor,
teu canto, é o Rio Grande em flor,
na borda do coração;
além do cheiro de chão,
possui o gosto de pasto,
legenda rangendo basto,
sobre o lombo do cavalo,
espora e bico de galo,
sangue de pátria no rastro.

Quando ouço a tua voz,
“templada” como pra um pealo;
cada verso que embuçalo,
vejo a pampa de todos nós,
trazendo a consciência a foz,
dos sentimentos terrunhos,
o tempo serrando os punhos,
estrelas de pirilampos,
ziguezagueando nos campos,
trazem luz ao testemunho.

Daqui do lombo do cerro,
a onde nasci e me criei,
o dom, tem força de Lei,
mesmo vivendo o desterro.
O ganido desse “perro”,
parceiro dos desgarrados
faz relembrar descampados,
rufar de cascos, peleias
e o sangue nas nossas veias,
ao do índio misturados.

Agora pra arrematar,
um abraço bem cinchado,
para que fique guardado,
do lado esquerdo, este altar,
que diz tudo, sem falar
e tudo diz, sem dizer;
um amigo de bem querer,
é como a alma do povo
na seiva dum mate novo
água pura de beber.

Nh. casa do rio abril de 2008

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